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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Luiz Gonzaga: centenário de nascimento do Rei do Baião

Há 100 anos, completados no dia de ontem, nascia na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, a doze quilômetros de Exu (PE), o sanfoneiro Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião. Há meses iniciaram-se as homenagens, que se ampliarão até o fim deste mês, a esse filho do sertão, cuja vida foi dedicada a cantar as agruras e belezas de sua terra, levando o Nordeste brasileiro para todos os rincões do País e até a outros países.

É emblemático o fato de a data coincidir com uma das secas mais devastadoras do semiárido nordestino, o que faz ressaltar a necessidade de dar continuidade à luta travada por Gonzagão para atrair os olhares dos demais irmãos brasileiros sobre um problema persistente, que tem todas as condições de ser superado.

Sua epopeia profissional iniciar-se-ia, em 1939, como sanfoneiro, nas áreas boêmias e periféricas do Rio de Janeiro. Mas foi em 1941 que sua originalidade criativa se revelou, no programa de rádio de Ary Barroso, quando tocou um tema regional, de sua autoria, Vira e Mexe, que selou seu primeiro disco como sanfoneiro. Logo sua fama se espalharia através das ondas da Rádio Nacional. Sua primeira gravação como cantor viria em 1945 com a mazurca Dança Mariquinha. Nesse mesmo ano, nasceria Gonzaguinha (cuja fama musical iria orgulhar o pai muito mais tarde) filho de uma união marital tumultuada com a cantora de coro e sambista Odaléia Guedes dos Santos.


Daí em diante, Luiz Gonzaga passou a ser um referencial marcante da música regional nordestina. Sua peregrinação por vilas e povoados do sertão e outras cidades do País, vestido em trajes estilizados de cangaceiro, o colocava como expressão autêntica de uma cultura muito rica, marcada pela civilização do couro e pela caatinga (um bioma único no mundo).

Sua música é a expressão da saga do sertanejo, sua coragem, sua resistência e sua esperança inquebrantável - mesmo quando isso parecia non sense. Por ela, soube também traduzir os folguedos e as alegrias ingênuas de um povo que sempre aprendeu a driblar as dificuldades quase intransponíveis sem nunca se render à amargura paralisante, mas, sempre encontrando uma maneira de celebrar a vida.

 http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/12/14/noticiasjornalopiniao,2971649/editorial.shtml

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Reeleito, Obama diz que volta à Casa Branca mais determinado e inspirado


 Obama foi reeleito para a Presidência dos Estados Unidos no início da madrugada desta quarta-feira, vencendo o republicano Mitt Romney após uma dura e acirrada campanha eleitoral, e garantindo mais quatro anos à frente da Casa Branca.


Obama festeja a vitória com a mulher, Michelle, e as filhas, Malia e SashaPara voltar a ganhar a confiança dos eleitores americanos, Obama precisou superar o momento ruim da economia, as altas taxas de desemprego e até uma inesperada crise internacional já na reta final da disputa. Mais do que isso, enfrentou um adversário duro, que questionou suas decisões nos últimos quatro anos e chegou a ameaçar uma virada de jogo após o primeiro debate entre os candidatos na televisão.

Como funcionam as eleições

Nos Estados Unidos, a votação para presidente é indireta, feita por 538 delegados. Eles são divididos entre os 50 estados americanos mais o distrito federal de acordo com sua população e seu número de deputados federais. O vencedor não é aquele que receber o maior número de votos dos eleitores, mas aquele que atingir a cota mínima de 270 delegados estaduais. Quanto mais populoso é um estado, mais deputados ele tem e mais peso possui na eleição. O candidato escolhido na Califórnia, por exemplo, leva todos os votos do colégio eleitoral do estado. Dessa forma, os partidos são obrigados a construir uma campanha nacional consistente, mesmo em lugares com menor número de eleitores.
O equilíbrio da corrida, no entanto, se foi confirmado por estreitas margens nas urnas, não se refletiu na disputa pelos votos do colégio eleitoral que elege o presidente americano (leia mais no quadro ao lado). Embora a apuração ainda não esteja totalmente finalizada, o que se ensaia é uma vitória folgada de Barack Obama sobre Mitt Romney no colégio e um triunfo também no voto popular.
Por enquanto, o placar das eleições americanas aponta o democrata com 303 votos do colégio eleitoral, contra 206 de Romney. Obama garantiu a vitória e mais quatro anos no governo ao conquistar um desempenho quase impecável nos chamados estados-chave – onde não há tradicionalmente predominância de nenhum dos partidos e as disputas mais acirradas e decisivas acontecem.
Dos oito estados em que não havia um ganhador claro antes da eleição, o atual presidente venceu em sete até o momento – Iowa, Wisconsin, Colorado, Nevada, Virgínia, New Hampshire e Ohio. A vitória de Obama nas áreas estratégicas foi tão consistente que tornou irrelevante o resultado do estado-chave onde a disputa foi mais acirrada, a Flórida – no qual Obama, com 97% dos votos apurados, também vai vencendo o rival por uma pequena margem. 
Adiante – Barack Obama faz o discurso da vitória em centro de convenções de Chicago, cidade em que construiu sua carreira profissional e que o projetou politicamente. O presidente começou lembrando a história da democracia americana, há 200 anos, e disse que, com sua eleição, "o país decidiu mover-se adiante" graças aos eleitores.
"Precisamos seguir adiante", afirmou o presidente, reproduzindo seu slogan de campanha. Garantindo estar "mais determinado e inspirado do que nunca", Obama prometeu levar em frente projetos não concretizados no primeiro mandato, como a reforma migratória. E, claro, se comprometeu em prosseguir com a recuperação da economia, até agora lenta e pouco convincente.
Após agradecer ao rival Mitt Romney e dizer que pretende se sentar com ele nos próximos dias "para discutir como levar o país para frente", Obama arrancou aplausos empolgados do público ao afirmar: "Nunca estive tão esperançoso com a América".
Ele também destacou  o fato dos Estados Unidos precisar garantir oportunidades para todos, "homens, mulheres, negros, brancos, heterossexuais e gays".  No final do discurso, pregou união e esperança em um futuro melhor. "Podemos alcançar esse futuro juntos, somos mais do que uma coleção de estados vermelhos ou azuis", disse em referência às divisões eleitorais no país. "Não somos tão divididos quanto nossa política sugere. Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América", finalizou.  
Derrota – Cerca de uma hora depois da vitória democrata ser projetada, Romney reconheceu a derrota na eleição presidencial e discursou diante de partidários em Boston, capital de Massachusetts, estado que governou de 2003 a 2007.
"Eu gostaria muito que tivesse sido capaz de corresponder suas esperanças de liderar este país em uma direção diferente. Mas a nação escolheu outro líder", declarou. "Esse é um momento de grandes desafios para a América, e eu rezo para que o presidente tenha sucesso ao guiar nossa nação", disse Romney após telefonar para Obama para parabenizá-lo.
Romney agradeceu a todos os que ajudaram durante a disputa eleitoral: "Nós demos tudo nesta campanha". O republicano elogiou especialmente o seu candidato a vice, Paul Ryan, e sua mulher, Ann, considerada o grande apoio emocional do candidato durante os meses de campanha. "Ela teria sido uma primeira-dama maravilhosa", lamentou ele.

"Eu estou aliviado com a derrota de Mitt Romney, mas não entusiasmado com a vitória de Barack Obama. Romney concorreu a gerente dos EUA e não a presidente. Barack Obama se mostrou um sobrevivente e um político de talento eleitoral"





quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Bolívia expulsa Coca-Cola e anuncia falência do McDonald’s




O governo da Bolívia anunciou no último fim de semana que a filial da Coca-Cola no país será retirada em 21 de dezembro. No mesmo dia, o McDonald's deixará de operar após 14 anos de tentativas fracassadas de entrar na cultura boliviana.
O chanceler David Choquehuanca afirmou que a decisão "estará em sintonia com o fim do calendário maia e será parte da festa para celebrar o fim do capitalismo e o começo da cultura da vida".
"O 21 de dezembro é o fim do egoísmo, da divisão. Esse dia tem que ser o fim da Coca-Cola e o começo do mocochinche [suco de pêssego]. Os planetas se alinham depois de 26 mil anos. É o fim do capitalismo e o começo da vida comunitária", disse, em ato com o presidente Evo Morales.
A decisão é argumentada pelo governo pelos males provocados pelo refrigerante à saúde dos consumidores, incluindo associação a infartos, derrames e câncer caso haja consumo diário.
No dia 13, Morales já havia prometido o fim da bebida ao anunciar uma festa em uma ilha no lago Titicaca, na fronteira entre a Bolívia e o Peru, no dia 21 de dezembro, que celebra o fim do calendário maia.
CULTURA
Ao contrário da Coca-Cola, o McDonald's decidiu sair por não conseguir se incorporar aos hábitos alimentares bolivianos, após 14 anos de tentativas. A empresa fechará seus oito restaurantes após ter prejuízos em suas operações em mais de uma década, caso único entre as filiais da rede de lanchonetes.
O país andino ainda conserva a culinária tradicional e dá valor ao rito de preparo da comida, que inclui a compra dos alimentos, a decisão de comer, a convivência durante o preparo, a forma em que se apresentam e a maneira que são servidos.
O prato é avaliado por aspectos como gosto, preparo, higiene e sabor adquirido com tempo de preparação, este último fundamental para o fracasso do McDonald's. 

Fonte: Folha de São Paulo

domingo, 29 de julho de 2012

Paralisação dos professores faz aprovação do governo desabar


Acorda Cidade
Reprodução
Os mais de 100 dias de paralisação dos professores trouxeramprejuízo às avaliações do governo do estado e do governador. Paraos soteropolitanossegundo pesquisa do Instituto Futura emparceria com o CORREIO, o índice dos que consideram ruim oupéssima a gestão Jaques Wagner (PT) pulou de 36,1% em abril,quando começou o movimento grevistapara 69,1% em julho.
efeito greve também respingou nas barbas da popularidade dogovernadorque viu cair sua avaliação positiva de 23,6% (bom/ótimo) em abril para 9,3% neste mês. A reprovação cresceu de 35,9% para 65,9% no mesmo período.
pesquisa CORREIO/Futura revela que para 87,7% dosentrevistados, a qualidade do ensino público é hoje o pior problemado estadoacima da saúde (ruim e péssima para 83,2%) e dasegurança (73,9%), entre as atribuições estaduais com avaliaçõesmais críticas.
condução do governo estadual na greve da Polícia Militar no iníciodo ano é melhor avaliada (49,9% de aprovação x 46,1% dereprovação) do que  na paralisação dos professores (51,6%desaprovaram) . Para 86,7% dos entrevistados, o governo deveriaatender às reivindicações dos professores.
apoio ao movimentoentretantotambém não é unânime em Salvador. A população está dividida: 52,9% são a favor e 44,6% sãocontra. No universo pesquisado, 66,2% ou estudam ou têm alguémda família na rede pública estadualNeste público, a greve também dividiu os entrevistados: 50% a favor e 49,2% são contra.
 avaliação do governo baiano em julho é equilibrada entre os sexos : homens (70% ruim/péssimo) e asmulheres (68,5%) e mais crítica nas maiores faixas etárias, com reprovações de 74,7% entre quem tem de 40 a 49 anos e 73,4% de 50 a 59 anos. O desgaste após os três meses de greve foi um pouco menor entre os maisjovens: 59,4% entre 16 a 19 anos.
Na divisão por classes sociais, a avaliação negativa da gestão estadual em julho cresce nas classes A/B, com 80,7% de ruim e péssimo contra 67,4% nas D/E. A nova classe média é um pouco mais generosa: 64,9% dereprovaçãoÉ ali que o governo estadual tem seu melhor desempenho com 13,8% de aprovaçãoNas classes A/B, este índice cai para 5,3% de ótimo/bom, com 8,7% de aprovação nas faixas D e E.
pesquisa CORREIO/Instituto Futura foi realizada entre os dias 16 e 19 deste mês, com 399 entrevistas em Salvador. A margem de erro é de 4,9%. As informações são do Correio.

http://acordacidade.com.br/noticias/93765/paralisacao-dos-professores-faz-aprovacao-do-governo-desabar-.html

segunda-feira, 16 de julho de 2012

SOBRE LONDON 2012

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Os Jogos Olímpicos de Verão de 2012, oficialmente conhecidos como Jogos da XXX Olimpíada, serão realizados na cidade de Londres, de 27 de Julho a 12 de Agosto de 2012, seguidos pelos Jogos Paraolímpicos de Verão de 2012, que se realizarão entre 29 de Agosto e 9 de Setembro.
Londres é a primeira cidade a sediar oficialmente os Jogos Olímpicos da Era Moderna por três vezes - as anteriores foram em 1908 e 1948.

Medalhas

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Desenhadas pelo artista local David Watkins, elas medem 8,5 centímetros de diâmetro - consideravelmente maiores do que em Olimpíadas anteriores - e são as mais pesadas na história dos Jogos Olímpicos, com 400 gramas.
Como em todas as Olimpíadas modernas desde 1896 (com exceção das medalhas retangulares de Paris-1900), elas são circulares.
De um lado, como é obrigatório, elas mostram a deusa grega Niké, símbolo da vitória; do outro, trazem um desenho abstrato, com o logotipo dos Jogos de 2012 sendo cruzado por linhas que simbolizam a energia que irradia da cidade.



Tocha olímpica

Símbolo das Olimpíadas, a Tocha Olímpica dos Jogos de Londres-2012 foi apresentada ao mundo na Capital inglesa na manhã desta quarta-feira. Feita de alumínio, o objeto pesa 800 gramas e tem 80 centímetros de comprimento.
O público conheceu a tocha dourada, que é composta por oito mil círculos, que representam cada pessoa que participará do revezamento. Entre os dias 19 de maio e 27 de julho do ano que vem, a peça percorrerá os países da Grã-Bretanha até chegar a seu destino final, Londres, palco dos Jogos Olímpicos de 2012.
Trabalhamos para desenvolver uma tocha que lembre o revezamento e que reflita a paixão de Londres pelos Jogos Olímpicos.
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terça-feira, 10 de julho de 2012

A GREVE CONTINUA. HOJE, AMANHÃ E QUINTA, ÀS 14H, TEM REUNIÃO NO MP. SEXTA, ÀS 9H, TEM ASSEMBLEIA GERAL

Na assembleia realizada na manhã desta terça-feira, 10 de julho, em frente à Secretaria de Educação (SEC), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), debaixo de muita chuva, a categoria decidiu continuar em greve, uma vez que o governo estadual não respondeu aos pedidos da APLB-Sindicato para sentar-se à mesa de negociação e discutir o cumprimento da Lei do Piso Nacional.
Um fato novo é a intermediação do Ministério Público Estadual (MPE) – depois que a APLB-Sindicato foi ao MP solicitar sua participação nesse processo – para que o governo se convença de que deve negociar uma saída para a greve.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

DIREITO DE GREVE – Lei Nº 7.783, de 28 de junho de 1989


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
        Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
        Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.
        Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
        Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
        Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
        Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
        § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
        § 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no “caput”, constituindo comissão de negociação.
        Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.
        Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
        I – o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
        II – a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
        § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
        § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
        § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
        Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
        Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tendências/Debates: O papel estratégico da educação



MARIA ALICE SETUBAL
O debate promovido pelo Rio+20 aponta para o papel estratégico da educação e para a urgência de alcançarmos uma educação de qualidade que responda aos desafios do desenvolvimento sustentável.

Para isso, é necessária a articulação entre as diferentes instâncias de governo --União, Estado e município--, assim como um diálogo entre governo e sociedade civil. Articulação e diálogo somente serão alcançados por meio da construção de consensos e pactos.
Alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade é a quinta meta do Plano Nacional da Educação (2011-2020). Diante desse desafio, o Ministério da Educação anunciou o programa da alfabetização na idade certa, para o qual busca construir pactos com Estados e municípios.
Tal iniciativa precisa ser destacada, pois ao mesmo tempo em que o governo federal oferece diferentes possibilidades de materiais e programas, também apoia as redes municipais e estaduais que já têm seus próprios programas, fortalecendo-as para que alcancem as suas metas de alfabetização.
Assim, o governo leva em conta as diversidades locais, reconhecendo os esforços que já estão sendo feitos, respeitando a autonomia e iniciativas dos gestores, com escuta ativa para oferecer o apoio necessário, sem partidarismos e favoritismos.
O poder público tem como tarefa conceber e gerir redes de ensino como um todo --ou seja, criar e implementar soluções em escala e não apenas em escolas isoladas. Escolas inovadoras ou eficazes, ainda que tragam ótimos resultados, muitas vezes apresentam modelos sem condições de ganhar escala ou não disponíveis a todas as realidades.
Nesse sentido, o segundo consenso necessário é que não é mais possível pensarmos que uma única solução, metodologia ou projeto pode ser igual para todas as escolas e regiões de um país com a expressiva diversidade cultural, social e regional que caracteriza o Brasil.
Veridiana Scarpelli/Folhapress
Um terceiro consenso fundamental em um governo que tem como marca o programa Brasil sem Miséria é a priorização de políticas contra as desigualdades educacionais.
Diversos estudos e projetos têm apontado para as enormes disparidades de oportunidades educacionais, especialmente nas periferias das grandes metrópoles, nas áreas rurais e em pequenos municípios de concentração de pobreza no Norte e Nordeste. Cada realidade exige projetos específicos que deveriam ser implementados como ações afirmativas e com todo apoio de recursos materiais e profissionais.
Se não enfrentarmos essa problemática, que atinge 20% das crianças e jovens que estão no sistema escolar, não alcançaremos uma educação para todos compatível com os desafios do século 21.
Por último, mas não menos importante, outro consenso prioritário para alcançarmos uma educação de qualidade é pensar a formação, valorização e o reconhecimento social da profissão docente de maneira articulada e pactuada entre os entes federativos.
A profissionalização docente envolve questões complexas e de natureza distintas, como o piso nacional, ainda não implantado pela maioria das redes, a formação inicial dos professores dissonante com os direitos e objetivos de aprendizagem dos alunos e a desvalorização simbólica da carreira docente, apontando um "apagão" dos professores em futuro próximo, entre outras.
Pela importância dessa questão e a diversidade de atores envolvidos --governo federal, estaduais e municipais, universidades públicas e privadas, sindicatos e organizações da sociedade civil--, esse é um pacto que deveria ter à frente a instituição que tem o poder e autoridade para liderar mudanças.
É chegado o momento da construção de um grande pacto pela educação, capitaneado pela Presidência da República, tendo os professores como foco das ações e a sustentabilidade como diretriz.
MARIA ALICE SETUBA, 61, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos Conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária e da Fundação Tide Setubal

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Jorge Portugal diz que contrato milionário é para pagar professores "de ponta" da rede particular

Jorge Portugal diz que contrato milionário é para pagar professores "de ponta" da rede particular

Enquanto na rede pública se paga, em média, R$ 8,40 por hora-aula, docentes em projeto ganharão R$ 250


Após a Secretaria Estadual de Educação (SEC) justificar o valor do contrato celebrado entre a pasta e a Abaís Conteúdos Educativos & Produção Cultural Ltda. (ver aqui), o diretor da empresa, professor Jorge Portugal, resolveu se pronunciar e justificar as cifras que ultrapassam a casa do milhão, com vistas à realização de aulas de preparação para o Enem para alunos do 3º ano da rede pública de ensino.

Em entrevista ao Metro1, nesta quarta-feira (27), Portugal afirmou que a vultosa quantia de R$ 1.591.774,80, com recursos oriundos da SEC, se explica, entre outras coisas, pela qualidade dos docentes contratados para dar as aulas. "São professores que trabalham na rede particular, em colégios de ponta. De Anchieta, de Grandes Mestres, de Mendel, e que estão acostumados a ganhar bem", afirmou o empresário e educador, durante o aulão inaugural na Escola Parque, na Caixa D'Água.

Discrepância - Ainda segundo ele, o contrato vai contemplar 32 assuntos, em 384 aulas. Nestas, cada professor irá ganhar R$ 250 por aula. "Eles não aceitariam ganhar menos. Esse número parece assustador, mas é nada perto dessa dificuldade social que você viu aí", complementou.

Para se ter uma ideia da discrepância no valor pago aos mestres, um professor da rede estadual de ensino ganha, em média, apenas R$ 8,40 por hora-aula, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato). Assim, cada educador da rede particular que lecionar no projeto de Portugal, financiado com verba pública, irá ganhar 30 vezes mais que um professor do estado, de braços cruzados há quase 80 dias em luta por melhorias salariais.

Para o professor Jorge Portugal, o valor é um investimento na educação. "Você vai concordar comigo que a grande pobreza da mentalidade brasileira é achar que a educação é custo e não investimento. Quando é para o rico, é investimento; quando é para o pobre, é custo", defendeu, ao tentar se esquivar das polêmicas que envolveram as cifras aportadas no projeto, definido pela SEC como "emergencial".

"Respeito todos os professores da rede estadual, mas os estudantes precisam ter aula, e nós vamos apoiar [os alunos]", emendou Portugal, que também defende o reajuste da categoria na rede pública de ensino: "Os professores têm que ganhar bem, mesmo. E não é 22% não [de reajuste]. É mais do que isso".